Blogagem Coletiva #MãesdaFicção: (Sinhá Vitória, de Vidas Secas); #FelizdiadasMães

Ser mãe é uma atitude, não uma relação biológica

– Robert A. Henlein

O dia das mães se aproxima, então, em comemoração, falaremos sobre uma importante mãe da ficção nacional. Ela se chama sinhá Vitória.

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Créditos da imagem: Leandro Sakami

Graciliano Ramos escreveu Vidas Secas em 1938, até hoje uma de suas obras mais conhecidas. Em sua obra, uma família de retirantes é obrigada a se deslocar de tempos em tempos para sobreviver em áreas menos castigadas pela seca.

Nesta família, sinhá Vitória é a matriarca e representa a mulher do sertão que não se rende à miséria. Vitória não é apenas uma mulher forte, como ela mesma toma as iniciativas e acaba levando sobre si mais peso que o próprio marido Fabiano. Mesmo ainda na época em que o livro foi escrito e publicado, sinhá Vitória era uma personagem marcante, pois, num sociedade predominantemente patriarcal, era ela quem, no fundo, detinha o poder da decisão no núcleo familiar. Seu próprio marido Fabiano confessava que ela detinha um conhecimento que nele faltava.

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Cena do filme Vidas Secas (1963). Atriz Maria Ribeiro.

Mãe de dois filhos (que não possuem nomes próprios), sinhá Vitória encarna a personagem que luta pela sobrevivência, que não se dá por vencida (como seu nome a identifica). Seu maior sonho é ter uma cama de couro, como a do seu antigo patrão. Em sua natureza reflexiva, ela sempre acreditou num futuro mais digno para sua família e não se conformava com a realidade brutal da qual e, o marido e os filhos eram vítimas.

Sinhá Vitória representa o sufoco da mulher nordestina do início do séc. XX, a mulher pobre e guerreira, que, além de cuidar dos filhos e dos afazeres da família, ainda tem seus próprios sonhos e anseios, sendo uma das mães mais expressivas da literatura brasileira.

  Olharam os meninos que olhavam os montes distantes, onde havia seres misteriosos. Em que estariam pensando? zumbiu sinha Vitória. Fabiano estranhou a pergunta e rosnou uma objeção. Menino é bicho miúdo, não pensa. Mas sinha Vitória renovou a pergunta –– e a certeza do marido abalou-se. Ela devia ter razão. Tinha sempre razão. Agora desejava saber que iriam fazer os filhos quando crescessem.
– Vaquejar, opinou Fabiano.
Sinha Vitória, com uma careta enjoada, balançou a cabeça negativamente, arriscando-se a derrubar o baú de folha. Nossa Senhora os livrasse de semelhante desgraça. Vaquejar, que ideia!


Assim como sinhá Vitória, estendo minha homenagem a todas as mães guerreiras desse Brasil! Em especial à minha. Infinitos beijos e abraços!

“No toda distancia es ausencia ni todo silencio es olvido” – Mario Sarmiento

mothersday

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Abaixo a lista dos outros blogs participantes da BC #MãesdaFicção:

Tiozinho Nerd – Beatrix Kiddo

https://tiozinhonerd.wordpress.com/2016/05/07/blogagem-coletiva-maesdaficcao-beatrix-kiddo-felizdiadasmaes

Desatinos por Escrito – Amy pond

http://desatinosporescrito.blogspot.com/2016/05/blogagem-coletiva-maesdaficcao-amy-pond.html

Fanpage de Balthazaar Pacco – Daenerys Targaryen

https://www.facebook.com/BalthazaarPacco/posts/535165516691192

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