Aperfeiçoando sua escrita – Parte 2/5 – Voz Passiva

Se você chegou aqui de paraquedas, sugiro que leia também a primeira parte desta série de artigos sobre escrita, na qual discutimos a função dos verbos na narrativa.

Esta série de artigos é dividida em cinco partes. São elas:

  1. Utilize verbos expressivos
  2. Cuidado com a voz passiva
  3. Advérbios desnecessários não embelezam seu texto
  4. Troque adjetivos por substantivos mais significantes
  5. Corte construções dispensáveis

Hoje falaremos sobre vozes verbais. Em específico, sobre a importância do funcionamento de voz ativa voz passiva na narrativa.

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Abusar da voz passiva pode confundir seu leitor. Entretanto, seu bom uso pode ajudar a dar ritmo e clareza ao seu texto.

Na língua portuguesa existem três vozes verbais (ativa, passiva e reflexiva). Não vamos nos aprofundar no funcionamento de cada uma (a Wikipedia ajuda a entender o básico), mas o que precisamos entender nesse artigo é:

Cuidado com a voz passiva

Se você buscar na internet, encontrará diversos artigos, inclusive alguns escritos por autores conceituados, advertindo o escritor iniciante a evitar ao máximo usar voz passiva em seus textos. De fato, abusar da voz passiva pode confundir seu leitor. Entretanto, seu bom uso pode ajudar a dar ritmo e clareza ao seu texto.

Como, então, saber quando evitar a voz passiva?

Primeiramente, precisamos entender quando ela pode ser problemática. Há algumas situações específicas nas quais a voz passiva é desaconselhável:

Quando resulta em frases desnecessariamente longas

Muitas vezes, a voz passiva cria construções longas, que poderiam ser simplificadas com o uso da voz ativa. Por exemplo:

  • o corpo foi encontrado por mim poderia ser reescrito simplesmente como eu encontrei o corpo. Ganha-se espaço e mantém-se o significado.
Quando as frases se tornam vagas ou confusas

Este caso depende um pouco da situação e de como a frase soa no contexto geral. Vejamos o exemplo a seguir:

  • Paulo foi acertado pelo bastão de Marcela. O leitor pode imaginar várias coisas a partir dessa frase: talvez o bastão tenha consciência própria, ou talvez ele tenha escorregado e batido na cabeça de Paulo. Porém, se usarmos Marcela acertou Paulo com o bastão, fica mais claro que Marcela foi a autora da agressão.

Na maioria das vezes, durante a etapa de revisão do texto, ficará evidente quando a voz passiva deixa o texto confuso demais. É função do escritor perceber essas ocasiões.

A voz passiva, entretanto, pode ser usada para o bem. Existem ocasiões nas quais é aceitável e até preferível usá-la.

Quando devo usar a voz passiva?

A voz passiva, entretanto, pode ser usada para o “bem”. Existem ocasiões nas quais é aceitável e até preferível usá-la. Confiram a seguir bons usos da voz passiva:

  • Trinta pessoas foram resgatadas do incêndio.
    • Nesta frase, o importante é ressaltar as trinta pessoas salvas. Se quem as salvou não for uma informação importante, não há motivo para explicitar.
  • O correio era entregue na porta de minha casa todas as manhãs.
    • Outra vez, não estamos interessados em saber quem é o agente da ação. O foco está no correio, por isso ele está na frente da frase.
  • Marko seguiu em direção à liberdade, mas ela lhe foi negada no último instante. (trecho do meu livro Réquiem para a Liberdade)
    • Quem (ou o quê) negou a liberdade a Marko? Nesta frase, a informação foi omitida, apenas para ser revelada no próximo parágrafo, criando um mistério atrativo para que o leitor continue a leitura.

Percebem como a voz passiva pode deixar sua frase mais rica e significativa? É preciso apenas perceber o que soa melhor, de acordo com a mensagem que você deseja passar.

Obrigado por acompanharem até o fim. Convido-os a escrever um comentário abaixo e contribuir para a discussão. Nos vemos no próximo artigo, quando falaremos sobre advérbios.

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1 thoughts on “Aperfeiçoando sua escrita – Parte 2/5 – Voz Passiva

  1. Laís Helena Serra Ramalho diz:

    Parabéns pelo artigo! É importante pensar sobre isso especialmente quando há limites de palavras (não que não deva ser feito quando não há), pois frases desnecessariamente longas podem comer as palavras necessárias para o desenvolvimento dos personagens, ambiente ou enredo.

    Abraços!

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